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Cresce a cada dia no mundo, o número de pacientes que procuram o consultório do gastroenterologista referindo sintomas digestivos (e muitas vezes extra-digestivos) associados a ingestão de determinado grupos de alimentos. Faz-se muita confusão para diferenciar o que é alergia do que é uma intolerância alimentar. Felizmente a grande maioria dos casos trata-se de intolerâncias alimentares, isto é, um processo em que os sintomas ocorrem pela incapacidade de digerir certos açucares (chamados carboidratos) devido à falta ou a baixa produção de uma ou mais enzimas digestivas. O quadro clínico varia de paciente para paciente, mas é principalmente representado por distensão abdominal, cólicas, gases, episódios de diarreia, ou o contrário, constipação intestinal (intestino preso). São relatados também com muita frequência sintomas fora do aparelho digestivo como fadiga, dor de cabeça, lesões de pele, entre outros.
As intolerâncias mais comuns estão associadas a má digestão da lactose, sacarose e frutose. O diagnóstico é feito inicialmente pela suspeita clínica, exame físico e a solicitação de exames complementares.
O teste de referência para avaliação de intolerância a carboidratos é o teste do hidrogênio expirado (H2). O teste está fundamentado no fato que somente bactérias da flora digestiva produzem H2 como resultado do seu metabolismo. A grande maioria destas bactérias encontra-se no intestino grosso.
Quando um carboidrato não é digerido e absorvido adequadamente pela ação das enzimas digestivas liberadas no intestino delgado, este chega até o intestino grosso, e é digerido pelas bactérias que produzem gás hidrogênio e metano, que são absorvidos pela parede intestinal, caem na corrente sanguínea e são eliminados pelos pulmões. Este hidrogênio exalado pelos pulmões pode ser detectado e quantificado através de um equipamento específico, estabelecendo assim o diagnóstico de intolerância ao carboidrato estudado.
Abaixo seguem dois exemplos de exames para compreender melhor a dinâmica do teste:
Este é um exame considerado normal. Após uma dieta hipofermentativa este paciente colheu uma amostra basal do ar expirado e após ingeriu um carboidrato, que neste caso foi lactose, e repetiu coletas seriadas a cada 30 minutos. Não houve elevação dos níveis de hidrogênio durante o exame, demonstrando que a lactose foi digerida e absorvida no intestino delgado, não sobrando substrato para as bactérias do intestino grosso digerirem.
Este é um exemplo de exame alterado. Após 90 minutos da ingestão da lactose houve uma elevação abrupta dos níveis de hidrogênio, indicando que a lactose não foi digerida e absorvida adequadamente no intestino delgado, e que ao chegar no intestino grosso, sofre digestão pelas bactérias da flora intestinal, produzindo hidrogênio que é exalado pelos pulmões.
O teste além de estabelecer o diagnóstico da intolerância, pode também quantificar sua intensidade, o que auxilia nas orientações quanto a suplementação de enzimas. No caso em questão trata-se de uma intolerância severa a lactose.
A metodologia utilizada neste teste é a mesma dos outros carboidratos, só substituindo o substrato (frutose, sacarose, xilose, etc..)
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